quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Conta outra...

Não acredite em amores que se vão,
que esmaecem, que findam, que nunca mais são...
Isso nem de longe é amor, ou coisa que o valha!


Chegou de mansinho, mandando flores, até... como quem tenta se convencer de que é alguém digno de confiança. A confiança, essa já fora quebrada há anos e não havia mesmo jeito de atá-la novamente. Impossível.
Mandou vinte e-mails, escreveu comentários no blogue, ligou na casa dos antigos amigos em comum, tudo em busca de uma pista, sequer... em vão! Apareceu na antiga casa dela, falou com o vizinho (que já era mais o mesmo da época em que eles namoraram) que não pode ajudar: nunca ouvira falar dessa menina.
Mandou mais e-mails, insistiu...quem sabe ela respondesse? Nada.
Sentou no lugar de outrora, já não havia mais brilho nem esperança... Acendeu um cigarro, pela primeira vez na vida, e se sentiu melhor. Depois tossiu, discretamente, mas tossiu...pigarreou, melhor dizendo. Abriu o caderno de anotações que trazia no bolso, tentou lembrar-se de alguém pra quem pudesse ligar, ao menos alguém saberia dizer onde encontrar aquela que supunha ser a mulher da sua vida...nada!
Voltou pro hotel onde estava hospedado. Arrumou as malas. Pagou a conta na recepção e chamou o táxi. Foi pro aeroporto, comprou a passagem e esperou o avião por uma hora.
Chorou bastante. Sentiu raiva de si mesmo. "se não tivesse sido tão burro..." e milhões de outros "se" lhe engarrafaram a mente.
Ao embarcar, lembrou que na última página do velho caderninho havia um número que não havia ligado...quem sabe nesse, pensou...Última tentativa, ligou do celular mesmo, ávido, ansiedade espalhada por todo o corpo. Nada. Ninguém atendeu.
Embarcou com destino ao país distante de onde viera...
Tarde demais: Perdera o amor da sua vida!

Desembarcou. Fazia um frio causticante na sua terra natal.

No aeroporto, com flores na mão e uma garrafa de vinho tinto, o esperavam a esposa e os dois filhos. Finalmente o papai voltara da viagem de negócios que o levara por um mês inteiro àquele país distante cujo nome eles nem sabiam pronunciar direito...

4 comentários:

Fabio Rocha disse...

E se amores vem e vão; E nem por isso não são?

Carol Vicente disse...

Amores vêm e vão, sim, caro Fabio! Acredito que por falta de nome outro que o designe, também são chamados assim: amor!
Neste relato, porém, falo do Amor que jamais acaba, evocando as palavras do Apóstolo...esse, decerto, não vai, fica.
As interpretações abundam, isso é literatura.
Obrigada pela visita, volte sempre, a casa é sua!

Soberano Kanyanga disse...

Amiga,
Grande conto. Pela omissão voluntária dos personagens me parce ser real ou parecido com alguma realidade (as nossas imaginações literárias têm sempre um ponto de partida real). Acho que deves a este lindo conto mais palavras e quiça até páginas... Beijo

Carol Vicente disse...

Saudações, caro Lu!
Saudades de ti!

Sim, confesso, tem um ponto de partida bem real...bem real, eu diria! rsrsrs...Há pessoas que acreditam piamente que podem enganar a mesma pessoa pro resto da vida. Acontece que as pessoas não são nunca as mesmas, estamos em constante mudança, o tempo todo...Há alguns que parecem não entender isso, o que é uma pena!

Um abraço grande, quem sabe ainda lês aqui uma parte 2?